Não é de hoje que o mercado de smartphones está polarizado entre o iOS e o Android. A BlackBerry já viu dias melhores e adotou o sistema da Google em seus últimos lançamentos. A Apple tem visto uma queda em seus números, mas nada que vá acender a luz vermelha em Cupertino. Neste meio tempo, a Microsoft na gestão Nadella tem visto seu sistema mobile praticamente desaparecer. O que está acontecendo?
No último trimestre, a Microsoft vendeu apenas 2,4 milhões de dispositivos, o que equivale a 0,7% do total de aparelhos comercializados. No mesmo período do ano passado, as vendas corresponderam a 2,5% (8,6 milhões de dispositivos) do total de vendas de aparelhos – uma queda bem acentuada. O que está acontecendo?
Na realidade, tudo isso era esperado diante das decisões drásticas tomadas pela Microsoft. Anteriormente, logo após a aquisição da Nokia pela empresa, o diversificado portfólio (a antiga série x20) havia atingido seu pico de crescimento, mas a falta de aplicativos e de outras empresas que lançassem aparelhos com Windows Phone estagnou a penetração no mercado. O iOS e o Android continuavam bem longe. Neste meio tempo, saía de cena Ballmer, a cabeça por trás da compra da Nokia e entrava Satya Nadella – e isso mudou tudo.
Há rumores de que ele tenha cancelado o lançamento de um “Surface Mini”, além de alguns Lumias em desenvolvimento. Foram feitas demissões, reestruturações e um novo caminho começou a ser trilhado – o “One Core”, ou “Único Sistema”. Analisando com cuidado as declarações do CEO da Microsoft, ele parece ter visto que é impossível achar espaço num mercado tão maduro e estabelecido como é o atual sistema móvel.
O passo seguinte foi lançar nas plataformas concorrentes os serviços até então exclusivos do Windows (pacote Office entre outros), para que a marca não caísse no esquecimento nesta era pós-PC. E o que fazer com os bilhões investidos no setor móvel?
Fazer o que ela fez com o Surface – criar uma nova categoria. O antes contestado Surface hoje é líder de vendas (vendeu mais que o iPad Pro), criou um nicho de mercado dos chamados “2 em 1” ou “híbridos”, o que parece ter aberto um caminho para a Microsoft pós-PC.
E O MOBILE?
Desde que o Windows 10 é o mesmo no desktop, xBox, em tablets ou celulares, para a Microsoft tanto faz onde você o use, desde que o use. Ela jogou mesmo a toalha no atual mercado de smartphones e pretende, com a equipe que desenvolveu o Surface agora engajada nos próximos lançamentos dos celulares de Redmond, novamente criar um nicho de mercado onde a Apple e a Google ainda não estão.
Em outras palavras, iOS e Google imperam no que temos de serviço hoje, enquanto a Microsoft quer estar onde nós vamos estar amanhã.
O que veremos? Mini-PCs de bolso (o famoso recurso Continuum já presente?), Hololens nos celulares?
Ainda é cedo para saber. Esses números de vendas em breve serão ainda piores, haja vista que não veremos mais Lumias novos tão cedo, se é que veremos. o Windows Phone continua hoje sendo o sistema do amanhã, e se amanhã realmente chegará, só o tempo irá dizer.
(escrevo com pesar, olhando aqui para o meu querido e solitário Lumia 930)…